domingo, 3 de junho de 2012

O texto de Opinião

1.Para se escrever um bom texto de opinião:

Quando falamos ou escrevemos um texto de opinião, nosso objetivo é o de convencer.Devemos tomar uma posição em relação ao tema (contra ou a favor).Temos que justificar a posição assumida, com base em argumentos.Devemos antecipar possíveis argumentos contrários ao seu ponto de vista, contestando-os.Devemos concluir o texto, reforçando a posição assumida.

Observe o texto opinativo a seguir:

A poluição no mundo

Os grandes países industriais são os mais poluídos do mundo. Em Tóquio vende-se oxigênio nas ruas centrais. É comum os japoneses comprarem uma dose e enfiarem o nariz na “garrafinha”, recuperando-se do veneno que são obrigados a respirar. Os guardas de trânsito, intoxicados pelos gases dos automóveis, têm postos de abastecimento especiais nas esquinas.
Apesar da propaganda que apresenta o centro da Europa como um oásis verde entre enormes fábricas, quem lê jornal sabe o que acontece com o Reno: um rio totalmente morto e mortífero, carregando resíduos químicos por milhares de quilômetros, contaminando os depósitos de água potável de vários países.
Metade da população holandesa bebe a água do Rio Reno, que é o maior esgoto do mundo e o receptor de inseticidas das fábricas alemães. Seus peixes são proibidos para o consumo, porque os detritos industriais com que se “alimentam” tornam sua carne fétida.
E os Estados Unidos, pátria do capitalismo moderno, louvado pelo rigor de suas leis, são – e isto seus próprios técnicos afirmam – o país mais poluído do planeta. Além disso, são os maiores exportadores de poluição: 40% da contaminação da Terra é provocada por suas indústrias, segundo informação de Philip Bart, ecologista e redator da Internation Review.

Fonte: Júlio José Chiavenato. O massacre da natureza

No texto lido encontramos os seguintes fatos que comprovam a opinião do autor:

• Em Tóquio, vende-se oxigênio nas ruas centrais.
• Os guardas de trânsito em Tóquio, intoxicados pelos gases dos automóveis, têm postos de abastecimento especiais na esquina.
• Na Europa, o Reno carrega resíduos químicos por milhares de quilômetros, contaminando os depósitos de água potável de vários países.
• 40% da contaminação da Terra é provocada pelas indústrias americanas.

        Há algumas maneiras de se organizar uma dissertação, que podem ajudar na hora de iniciar o seu texto:

1 – Você pode transformar o tema em um questionamento, e ao longo do texto tentar responder da melhor maneira possível a essa questão.
Ex:
Tema: O Desmatamento na Floresta Amazônica
Questão que você pode abordar: A Floresta Amazônica, sendo considerada o pulmão do mundo, sofre algum dano com a freqüente prática do desmatamento em seu território?

OBS:
* Sobre o mesmo tema você pode fazer vários questionamentos, porém deve avaliar se você está apto a respondê-los e se não está fugindo ao tema principal.
* Após fazer essas avaliações escolha apenas um dos questionamentos e fundamente seus argumentos baseando-se nele.

2- Uma outra maneira de desenvolver o seu texto é expondo os contra-argumentos, ou seja, expondo as antíteses possíveis à sua tese.
Ex:
Tema: Eutanásia
Tese/opinião: A eutanásia realmente deve ser proibida, pois ninguém pode violar o direito à vida.
Antítese/contra-argumento: Com a legalização da eutanásia um hospital poderia estar se utilizando do espaço que um paciente desenganado está ocupando para atender a alguém que tem reais chances de sobrevivência.

OBS:
*Cuidado para não se contradizer, ou seja, ao apresentar seu contra-argumento você deve estar preparado para convencer o leitor de que ele não tem fundamentos, e deve estar munido de informações convincentes para que possa fazê-lo. Caso contrário você poderá não deixar clara a sua mensagem.
*Sempre defenda um ponto de vista, pois seu objetivo é esclarecer e não confundir ainda mais as opiniões do leitor a respeito daquele assunto.
*No caso de temas muito polêmicos, o melhor é se isentar totalmente de opiniões e fundamentar seus argumentos em fatos, estatísticas e opiniões em massa.

3- Uma outra alternativa seria fazer uma relação entre causa e conseqüência, para que assim se possa ir do início ao fim do problema, olhá-lo como um todo e com isso ir construindo uma opinião.
Ex:
Tema: A Violência nas escolas públicas
Causa: O pouco incentivo aos esportes e às artes nas escolas por parte do governo.
Conseqüência: Os jovens passam muito tempo nas ruas, em contato com armas e drogas.

OBS:
*A partir da causa e da conseqüência apresentadas, você deverá desenvolver seus argumentos em busca de uma solução possível e coerente para o problema.

2.Argumentos e contra-argumentos no texto de opinião

         Emitir uma opinião não é só manifestar um posicionamento ativo sobre um tema ou um acontecimento, mas também responder ativamente ao que dizem os outros sobre o mesmo tema ou o mesmo acontecimento.
        O ponto de vista do redator é apenas um entre muitos que circulam socialmente, logo vai encontrar nos outros um ponto de vista semelhante; ou, muito provavelmente, vai se chocar (parcial ou totalmente) com a opinião dos outros.
        A opinião do redator valerá pouco se não for sustentada com argumentos. Daí o grande princípio: afirmar e sustentar, ou seja, afirma-se e dá-se argumentos que podem sustentar as afirmações levantadas.
Existem vários tipos de argumentos diferentes, mas consideremos os três principais:

  Argumentos empíricos: damos elementos concretos (“fatos”) que funcionam como “evidência” de que as afirmações têm sustentação. Funcionam como argumentos empíricos: dados estatísticos, um evento qualquer (digamos, um cheque assinado numa acusação de corrupção), ou um caso/uma situação semelhante (sustenta, geralmente, o raciocínio por analogia, isto é, “se foi assim lá, será assim aqui também”).
  Argumentos de autoridade: para sustentar nossas afirmações usamos a opinião de alguém que pode ser reconhecido como autoridade no assunto. O raciocínio implícito, nestes casos, é o seguinte: “Se fulano(a) é autoridade no assunto, então o que ele(a) diz é suficientemente forte para sustentar o que eu digo”.
  Argumentos de senso comum: são aqueles que tomam como base uma opinião, uma crença que – por ter certa difusão social – é assumida como de aceitação geral (como uma “verdade”). O raciocínio implícito aqui é: “se é uma opinião de consenso/ Se todos em nossa sociedade pensam assim, então isso deve prevalecer”.

        Deve ficar claro que cada tipo de argumento tem suas fragilidades:
  • um fato, por exemplo, pode ter mais de uma interpretação (portanto, contra “fato”, pode haver argumento);
  • estatísticas são sempre aproximativas, podem conter erros ou estar recobrindo apenas certo conjunto de dados que não podem ser necessariamente generalizados;
  • ser autoridade num assunto não impede que a pessoa se engane em suas interpretações ou que ela não possa ser contestada;
  • o que parece consenso, pode ser apenas um lugar-comum (isto é, um ponto de vista repetido por muitos sem maiores críticas).
        Entender bem essa fragilidade nos dá a dimensão do processo argumentativo:
  • ninguém é dono da verdade, logo precisamos sempre sustentar nossas afirmações (e recusar criticamente afirmações não sustentadas, isto é, dogmáticas);
  • a escolha dos argumentos, contudo, não é tarefa simples: precisamos pesar bem o que vamos pôr em cena em cada caso, tomando como referência o assunto (que tipo de argumento é mais adequado a ele) e, claro, quem é o nosso interlocutor (o que melhor o convenceria).
        Em outras palavras, a argumentação pressupõe uma atividade produtiva e criativa (seleção e avaliação dos argumentos e sua distribuição na construção do texto).

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