1.Para se escrever um bom texto de opinião:
Quando falamos ou escrevemos um texto de opinião, nosso objetivo é o de convencer.Devemos tomar uma posição em relação ao tema (contra ou a favor).Temos que justificar a posição assumida, com base em argumentos.Devemos antecipar possíveis argumentos contrários ao seu ponto de vista, contestando-os.Devemos concluir o texto, reforçando a posição assumida.
Observe o texto opinativo a seguir:
A poluição no mundo
Os grandes países industriais são os mais poluídos do
mundo. Em Tóquio vende-se oxigênio nas ruas centrais. É comum os japoneses
comprarem uma dose e enfiarem o nariz na “garrafinha”, recuperando-se do veneno
que são obrigados a respirar. Os guardas de trânsito, intoxicados pelos gases
dos automóveis, têm postos de abastecimento especiais nas esquinas.
Apesar da propaganda que
apresenta o centro da Europa como um oásis verde entre enormes fábricas, quem
lê jornal sabe o que acontece com o Reno: um rio totalmente morto e mortífero,
carregando resíduos químicos por milhares de quilômetros, contaminando os
depósitos de água potável de vários países.
Metade da população holandesa bebe a
água do Rio Reno, que é o maior esgoto do mundo e o receptor de inseticidas das
fábricas alemães. Seus peixes são proibidos para o consumo, porque os detritos
industriais com que se “alimentam” tornam sua carne fétida.
E os Estados Unidos,
pátria do capitalismo moderno, louvado pelo rigor de suas leis, são – e isto
seus próprios técnicos afirmam – o país mais poluído do planeta. Além disso,
são os maiores exportadores de poluição: 40% da contaminação da Terra é
provocada por suas indústrias, segundo informação de Philip Bart, ecologista e
redator da Internation Review.
Fonte: Júlio José Chiavenato. O
massacre da natureza
No texto lido encontramos os seguintes fatos que comprovam
a opinião do autor:
• Em Tóquio, vende-se oxigênio nas ruas centrais.
• Os guardas de trânsito em Tóquio, intoxicados pelos gases
dos automóveis, têm postos de abastecimento especiais na esquina.
• Na Europa, o Reno carrega resíduos químicos por milhares de
quilômetros, contaminando os depósitos de água potável de vários países.
• 40% da contaminação da Terra é provocada pelas indústrias
americanas.
Há algumas maneiras de se organizar uma dissertação, que podem
ajudar na hora de iniciar o seu texto:
1 – Você pode transformar o tema em um questionamento, e ao
longo do texto tentar responder da melhor maneira possível a essa questão.
Ex:
Tema: O Desmatamento na Floresta Amazônica
Questão que você pode abordar: A Floresta Amazônica,
sendo considerada o pulmão do mundo, sofre algum dano com a freqüente prática
do desmatamento em seu território?
OBS:
* Sobre o mesmo tema você pode fazer vários questionamentos,
porém deve avaliar se você está apto a respondê-los e se não está fugindo ao
tema principal.
* Após fazer essas avaliações escolha apenas um dos
questionamentos e fundamente seus argumentos baseando-se nele.
2- Uma outra maneira de desenvolver o seu texto é expondo os
contra-argumentos, ou seja, expondo as antíteses possíveis
à sua tese.
Ex:
Tema: Eutanásia
Tese/opinião: A eutanásia realmente deve ser proibida,
pois ninguém pode violar o direito à vida.
Antítese/contra-argumento: Com a legalização da eutanásia
um hospital poderia estar se utilizando do espaço que um paciente desenganado
está ocupando para atender a alguém que tem reais chances de sobrevivência.
OBS:
*Cuidado para não se contradizer, ou seja, ao apresentar seu
contra-argumento você deve estar preparado para convencer o leitor de que ele
não tem fundamentos, e deve estar munido de informações convincentes para que
possa fazê-lo. Caso contrário você poderá não deixar clara a sua mensagem.
*Sempre defenda um ponto de vista, pois seu objetivo é
esclarecer e não confundir ainda mais as opiniões do leitor a respeito daquele
assunto.
*No caso de temas muito polêmicos, o melhor é se isentar
totalmente de opiniões e fundamentar seus argumentos em fatos, estatísticas e
opiniões em massa.
3- Uma outra alternativa seria fazer uma relação entre causa e
conseqüência, para que assim se possa ir do início ao fim do problema, olhá-lo como
um todo e com isso ir construindo uma opinião.
Ex:
Tema: A Violência nas escolas públicas
Causa: O pouco incentivo aos esportes e às artes nas
escolas por parte do governo.
Conseqüência: Os jovens passam muito tempo nas ruas, em
contato com armas e drogas.
OBS:
*A partir da causa e da conseqüência apresentadas, você deverá
desenvolver seus argumentos em busca de uma solução possível e coerente para o
problema.
2.Argumentos e contra-argumentos no texto de opinião
Emitir uma opinião não é só manifestar um posicionamento
ativo sobre um tema ou um acontecimento, mas também responder ativamente ao que
dizem os outros sobre o mesmo tema ou o mesmo acontecimento.
O ponto de vista do redator é apenas um entre
muitos que circulam socialmente, logo vai encontrar nos outros um ponto de
vista semelhante; ou, muito provavelmente, vai se chocar (parcial ou
totalmente) com a opinião dos outros.
A opinião do redator valerá pouco se não for sustentada com
argumentos. Daí o grande princípio: afirmar e sustentar, ou seja,
afirma-se e dá-se argumentos que podem sustentar as afirmações levantadas.
Existem
vários tipos de argumentos diferentes, mas consideremos os três principais:
• Argumentos
empíricos: damos elementos concretos (“fatos”) que funcionam como
“evidência” de que as afirmações têm sustentação. Funcionam como argumentos
empíricos: dados estatísticos, um evento qualquer (digamos, um cheque assinado
numa acusação de corrupção), ou um caso/uma situação semelhante (sustenta,
geralmente, o raciocínio por analogia, isto é, “se foi assim lá, será assim
aqui também”).
• Argumentos
de autoridade: para sustentar nossas afirmações usamos a opinião de alguém
que pode ser reconhecido como autoridade no assunto. O raciocínio implícito,
nestes casos, é o seguinte: “Se fulano(a) é autoridade no assunto, então o que
ele(a) diz é suficientemente forte para sustentar o que eu digo”.
• Argumentos
de senso comum: são aqueles que tomam como base uma opinião, uma crença que
– por ter certa difusão social – é assumida como de aceitação geral (como uma
“verdade”). O raciocínio implícito aqui é: “se é uma opinião de consenso/ Se
todos em nossa sociedade pensam assim, então isso deve prevalecer”.
Deve ficar claro que cada tipo de argumento tem suas
fragilidades:
- um fato, por exemplo, pode ter mais de uma interpretação (portanto, contra “fato”, pode haver argumento);
- estatísticas são sempre aproximativas, podem conter erros ou estar recobrindo apenas certo conjunto de dados que não podem ser necessariamente generalizados;
- ser autoridade num assunto não impede que a pessoa se engane em suas interpretações ou que ela não possa ser contestada;
- o que parece consenso, pode ser apenas um lugar-comum (isto é, um ponto de vista repetido por muitos sem maiores críticas).
- ninguém é dono da verdade, logo precisamos sempre sustentar nossas afirmações (e recusar criticamente afirmações não sustentadas, isto é, dogmáticas);
- a escolha dos argumentos, contudo, não é tarefa simples: precisamos pesar bem o que vamos pôr em cena em cada caso, tomando como referência o assunto (que tipo de argumento é mais adequado a ele) e, claro, quem é o nosso interlocutor (o que melhor o convenceria).
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